domingo, 31 de julho de 2011

ESCLARECEDOR


Carta aberta ao Dr. Drauzio Varella

Prezado doutor Drauzio Varella, respeito muitíssimo o senhor como médico. Suas instruções, em programas de TV e na Internet, são excelentes e ajudam as pessoas a terem uma vida mais sadia.


Acabei de ler o seu artigo “Violência contra homossexuais”, em seu site. Gostei de boa parte das suas argumentações e considerei que, de forma geral, a sua abordagem como médico sobre esse assunto cercado de tanta polêmica foi bastante equilibrada.


O senhor está correto ao considerar abusiva a conduta de pastores que querem forçar os homossexuais a serem heterossexuais. E devo lhe dizer, inclusive, que os pastores que se prezam jamais interferem desse modo na vida das pessoas. Eles tão-somente pregam em tese, e não de modo direcionado, ofensivo e ridicularizante, a respeito do que é certo ou errado à luz da Bíblia.


Entretanto, com todo o respeito, gostaria de contestar uma parte do seu artigo. Ei-la: “A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira”.


De fato, a sexualidade não admite opções. O ser humano não escolhe se será homem ou mulher. Ele nasce menino ou menina. Quanto à homossexualidade, penso que não deve ser equiparada à masculinidade ou à feminilidade. Digo isso, não por preconceito, e sim por causa da própria fisiologia. Afinal, a mulher grávida, quando vai fazer a ultrassonografia, ela quer saber se o seu filho é macho ou fêmea, não é mesmo?


Pelo que tenho pesquisado, há vários fatores que podem contribuir para a manifestação do comportamento homossexual, ao longo da vida. Mas nenhum cientista conseguiu comprovar que a homossexualidade está ligada à genética. Não existe gene gay.


Reconheço, por outro lado, que existe a possibilidade de alteração de gene, decorrente de maus tratos na infância, por exemplo, conforme tem noticiado a revista Nature Neurosciense. E entendo que isso pode fazer com que o infante ou o adolescente venham a adotar um comportamento que não corresponda à sua fisiologia. Mas isso não significa que alguém já nasça homossexual.

O senhor também disse, de modo poético, que podemos controlar o nosso comportamento, mas não o nosso desejo: “O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira”. Com toda a sinceridade, considero muito perigoso esse raciocínio e explico por quê.


Muitos psicopatas têm o desejo de matar, não é mesmo? E o estuprador? Também tem o desejo de violentar mulheres. Da mesma forma, os pedófilos e efebófilos têm desejo de abusar de crianças e adolescentes. E assim por diante.


Por conseguinte, se considerarmos — com base na tese de que o desejo é indomável
como a água que despenca da cachoeira — que o ser humano, por causa disso, tem liberdade para agir conforme o seu desejo, por que temos ojeriza dos psicopatas, estupradores, pedófilos e efebófilos, e queremos que eles sejam condenados por seus atos?! Afinal, o desejo é indomável como a água que despenca da cachoeira. Como controlá-lo?

Vou exagerar um pouco agora. Digamos que pedófilos e efebófilos, aproveitando-se do precedente aberto pelo STF, ao liberar a passeata pela legalização das drogas, se reúnam em uma grande passeata na Avenida Paulista, em São Paulo, com cartazes, serviço de som, e comecem a gritar: “Estamos cansados de ser discriminados neste país! Pedimos cadeia aos fundamentalistas religiosos que pregam o preconceito pedofilófobo e efebofilófogo. Nós não escolhemos ser pedófilos e efebófilos, pois o nosso desejo é indomável como a água que despenca da cachoeira”. Estarão eles certos em sua reivindicação?


Caro doutor, parece um grande exagero o que estou falando, mas não estou comparando
isto com aquilo. Apenas quero lhe dizer que, para mim, é evidente que a sua tese é frágil e facilmente refutável. Reconheço que o senhor recebeu do Criador uma inteligência acima da média e não quero, de modo algum, ofendê-lo. Por isso, com todo o respeito — reitero —, peço-lhe que reveja a sua posição, a fim de que não incorra em simplismo e preconceito contra os evangélicos e católicos.

Cordialmente,


Ciro Sanches Zibordi
postado no Blog do Ciro em 08/07/2011

sábado, 16 de julho de 2011

Rápidas

Novos rumos na sucessão com a definição do PMDB.

Tértulo Alves será candidato a vereador pelo PMN.

Em andamento o processo de desfiliação do PMDB.

Tragédia do cotidiano

O AMANHÃ DAS TRAGÉDIAS
Rubens Lemos

Além de egoísta, a tragédia é uma herança exclusiva dos amores próximos. Na Grécia, o filósofo Aristóteles teorizou com precisão como se mirasse o mundo de hoje antes de eternizar a definição da desgraça.
Para ele, a tragédia é resultado de uma catarse de audiência e o ser humano, de forma consciente ou não, é atraído pelo sofrimento dramatizado.

A tragédia grega, que virou lugar comum de catástrofe seguida por inenarrável comoção, tem origem obscura e, por teoria, segundo livros que passei a vista por obrigação estudantil, tinha característica contraditória entre a seriedade e a dignidade. Definitivamente, catástrofe não combina com o estilo sóbrio das duas virtudes acima.
Longe de mim o esnobismo conceitual. A tragédia é uma cínica. Não penso em dimensioná-la pelo efeito episódico de cada dose do seu veneno.

A tragédia está em todo drama particular. Que explode, se estampa ou não no jornal, no portal, na televisão, nas redes sociais , provoca solidariedade e momentânea e depois some quando outro fato lamentável a substitui como uma carta tomando o lugar de outra num jogo mórbido.
Para quem fica viúvo, órfão ou saudoso de alguém querido, a tragédia é uma cutilada para sempre. É a mãe que não pode arrumar o quarto do filho que já morreu, como no verso do revés do parto de Chico Buarque de Holanda na canção Pedaço de Mim.

Esta é a tragédia maior que apavora a unanimidade dos pais. A inversão do valor natural da vida. Sepultar um filho, imagino, é ser enterrado de alma e continuar vagando, definhar e pedir para desaparecer de verdade.
Um companheiro do meu pai, que deixo no anonimato pelo absoluto respeito que ele merece. Primeiro, morreu sua mulher, vítima de câncer, e o corpo de atleta transformou-o num esquelético sem dieta programada.

Abandonou os amigos e, num tratado sem discussões, abriu mão da alegria e ela, penalizada, esqueceu dele. Em 2008, perdeu um filho, jovem, do inesperado, de problemas cardíacos. Sua tragédia acabou quando ele próprio foi posto dentro do túmulo, um ano e meses depois.
Tragédias pessoais e particulares são professoras. Nas minhas perdas, fiquei mais só. Por opção me tornei mais seletivo, menos exposto, mergulhei em reflexões, me vi mais próximo dos poucos, leais e verdadeiros amigos que não me abandonaram quando a parte formal da liturgia da morte foi encerrada. Mas a tragédia da falta dos que se foram está e estará comigo até quando vida eu tiver.

A tragédia é de quem fica. A angústia conseqüente da queda do pequeno avião da Noar não pertence aos 16 mortos carbonizados e brevemente esquecidos do noticiário. Ficará no coração e no inesperado dos que voltarão para casa para numa noite qualquer, relembrar o vinho tomado, a música preferida, o jantar planejado, o despertar numa manhã de sol.
A saudade é irmã do vazio, prima e confidente do desespero, parceira maligna do tormento, traiçoeira destruidora do sorriso, enchente avassaladora das estradas do sossego, semente venenosa do pranto, peste perniciosa da dor.

Faço o texto remoendo a entrevista, ainda sob forte impacto, de Diógenes Veras , marido da educadora Antônia Fernanda Jalles, uma das ocupantes do avião que explodiu próximo à praia de Boa Viagem em Recife(PE).
Diógenes tinha buscá-la no aeroporto de Parnamirim e recebeu o telefonema de um dos filhos, avisando-o do acidente. Na luta contra os redemoinhos do impossível, ligava atordoado ao celular da mulher. Encerrou dizendo que a vida cuidará de confortá-los. Sem conhecê-lo e em seu nome, minha solidariedade a todos.

E, cada vez mais, a revolta enxerta meu questionamento sobre a religião aplicada como analgésico nas tragédias, e amplifica minha devoção ao mais humano dos Apóstolos, Paulo, sábio ao contemplar o mar imenso como a sua dúvida e a exclamar: “Morte, afinal, qual é mesmo a
Do blog da Thaisa Galvão